terça-feira, 1 de novembro de 2011

Vaias, palavras de ordem e discursos evasivos marcam a sessão

Vaias, palavras de ordem e discursos evasivos marcam a sessão

Por Cristina Esteche e Rogério Thomas. Fotos Dalner Palomo

Vaias, palavras de ordem, revolta dos populares, e um rompante patrocinado pelo vice-presidente, João do Napoleão (PSDB) marcaram a sessão da Câmara de Vereadores de Guarapuava na tarde desta segunda-feira (31).

A partir das 16 horas as pessoas começaram a chegar. Ativistas sindicais portavam faixas, alguns usavam nariz de palhaço. Policiais militares e viaturas já marcavam presença, segundo eles, para garantir a ordem. Quem entrava na Câmara tinha que passar a roleta onde servidores solicitavam o nome que passava a constar numa lista de presença.

No plenário, cerca de 30 minutos antes da sessão começar, os vereadores Thiago Cordova (PPS) e Nélio Gomes da Costa (PSDB) eram os únicos a estar no plenário. Conversavam sentados à Mesa Executiva.

A imprensa buscava o melhor lugar para ficar, os fotógrafos e câmeras de tevês, o melhor ângulo. A sessão começou às 17 horas em ponto, presidida pelo vice, João do Napoleão. O vereador Antenor Gomes de Lima (PT) leu um trecho da Bíblia.

Enquanto a sessão seguia o clima era de tensão no plenário onde o público já lotava o espaço. As pessoas estavam atentas, caladas, esperando para ver qual seria o posicionamento dos vereadores.

A primeira manifestação aconteceu quando diretoras do SISPPMUG (Sindicato dos Servidores Públicos e Professores Municipais) ergueram uma faixa pedindo o afastamento de Strechar da presidência e a apuração dos fatos.

A chegada do vereador Hamilton Carlos de Lima (PP), o Pé-de-Cana, um dos denunciados, chamou a atenção pelo atraso. Sadi Federle, em igual situação, chegou bem mais tarde. A informação repassada era de que está doente.


Do lado de fora da Câmara, populares tentavam entrar, mas as portas foram fechadas. Quem conseguiu subiu em pedras e tijolos para ver o que estava acontecendo pelas únicas janelas da cabine da imprensa. Foi Antenor Gomes de Lima quem pediu que as portas fossem abertas.

A reunião que prometia ser histórica se transformou num palanque de amenidades entre os vereadores. Toda e qualquer responsabilidade sobre o afastamento e/ou cassação do mandato do presidente preso Admir Strechar (PMDB) foi repassado ao Poder Judiciário.

A primeira a usar da palavra foi a vereadora Eva Schran (PHS) que já deu o tom do que viria em seguida. “Hoje, porém, a resposta que buscamos não seja tomada no âmbito político, mas sim virá no âmbito jurídico. E isso não acontecerá da noite para o dia”, afirmou depois de reconhecer que a manifestação popular que acontecia na Câmara mostra que “Guarapuava se importa sim com o que está acontecendo”, numa referência à Operação Fantasma desencadeada pelo GAECO no Legislativo Municipal. O público se mantinha calado.


Mas foi o pronunciamento do líder da Bancada Carlista, Elcio Melhem que provocou as primeiras vaias. Depois de dar uma explicação considerada técnica, perguntou “cassar baseado no quê?” Vaias se seguiram durante o restante do pronunciamento de Melhem. O líder pepista citou que numa reunião realizada entre os 11 vereadores na manhã desta segunda-feira defendeu que Strechar se licencie do cargo, caso a Justiça não determine o afastamento.


O médico Antenor Gomes de Lima (PT) começou dizendo que foi cobrado por um amigo sobre a cassação de Strechar para depois cobrar maior participação nas sessões. O petista também criticou a mídia por não dar espaço à sua atuação parlamentar. Ele não entrou em detalhes sobre o escândalo que paira sobre a Câmara, mas também defendeu que o julgamento seja judicial.

Gilson Amaral, do DEM, iniciou um pronunciamento truncado listando os lugares e com quem estava em Curitiba quando o GAECO iniciou a Operação. Palavras de ordem como “vergonha, vergonha”, “lugar de ladrão é no camburão”, “cassação, cassação”, tomaram conta do ambiente. Gilson teve que interromper o discurso.

Embora alguns vereadores tentassem demonstrar calma, o desespero veio à tona pelo descontrole emocional de João do Napoleão. Quando Eva Schran foi defender o único projeto de lei da Ordem Dia, de sua autoria, e o público gritava “voto aberto”, a vereadora mencionou que sempre foi favorável. João do Napoleão esbravejou e num ímpeto mandou que Eva se ativesse ao projeto em discussão. Uma vez que a votação acabou João do Napoleão encerrou a sessão sob vaias e gritos de que “está com medo”.

Enquanto o Judiciário não se posicionar pelo afastamento a Câmara de Guarapuava continuará sendo administrada da Cadeia.
Fonte: RSN

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