segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Crimes arquivados começam a ‘sair da gaveta’ no Paraná
Delegado Rubens Recalcatti (à frente), 63, e integrantes do Grupo Honre (Homicídios Não Resolvidos)
Da Estelita Hass Carazzaivia BOL Notícias
Eles são policiais jovens e atléticos. Trabalham até doze horas por dia em investigações trabalhosas. E são apenas seis para concluir uma pilha de 3.600 inquéritos.
Essa equipe, formada em março pela Polícia Civil do Paraná, tem a missão de solucionar casos antigos de homicídio, numa versão à brasileira do seriado “Cold Case” -no qual policiais investigam crimes não resolvidos.
Longe do glamour da série americana, a maioria dos inquéritos do Grupo Honre (Homicídios Não Resolvidos) ficou parada por falta de estrutura e só foi retomada após determinação do Conselho Nacional do Ministério Público.
“Tinha um delegado ou dois aqui, meia dúzia de investigadores e trinta homicídios por fim de semana”, diz o delegado Rubens Recalcatti, 63 anos de idade e 30 de polícia, que comanda o Grupo Honre.
A equipe de quatro investigadores e uma escrivã foi selecionada a dedo por Recalcatti. Até outubro, eles encerraram 165 homicídios.
A maioria dos crimes tem relação com o comando do tráfico de drogas. Boa parte dos autores identificados está morta, presa ou foragida.
Alguns suspeitos são conhecidos apenas por apelidos: Cotonete, Kinder Ovo, Neném. Nome ou sobrenome, ninguém sabe, ninguém diz -o que muitas vezes obriga o grupo a encerrar o inquérito sem apontar autores.
“Por isso que investigação de homicídio tem que ser em cima do laço. Se não, a pessoa pensa melhor e não fala”, diz a escrivã Luciane Hirt Ferreira, 37.
OFENSAS
Ela toma os depoimentos dos parentes das vítimas, convocados até 14 anos depois do crime. A maioria das pessoas reage com tristeza -algumas com revolta- à demora na investigação.
“Já fui xingada. Teve um cara que me esculachou muito”, conta ela. “Eu não tiro a razão dele. O inquérito dele estava parado.”
Apesar das reações agressivas, que o grupo diz serem isoladas, o delegado Recalcatti considera o resultado excelente, tanto pela dificuldade em concluir os inquéritos após tantos anos quanto pelos familiares das vítimas, “porque é um caso que se encerra na vida deles”.
A ideia é que o grupo forme, no futuro, um núcleo de inteligência dentro da Delegacia de Homicídios, “tipo um CSI [outro seriado americano]“, segundo Recalcatti. Por enquanto, o Honre não tem prazo para acabar o trabalho. Em outubro, conseguiu ampliar a equipe, mas ainda tem só um veículo.
Fabio Campana
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