sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Segundo cacique, violência foi defesa de ataques sofridos

Foto por: Melina Brondani
Desde sábado (5), os agricultores do Passo Liso, em Laranjeiras do Sul, declaram a angústia em serem expulsos de suas casas, mas na quarta-feira (9), os indígenas que ocupam as terras deram sua versão da história. A redação do Correio do Povo foi até o primeiro ponto de bloqueio feito por eles, onde conversou com o cacique Cláudio Rufino.

Antes de tudo, ele afirmou que aguardam há mais de 20 anos, governo a governo, providências quanto a permanência legal dos indígenas na área. “Seguramos até onde pudemos, mas não dava mais”, iniciou.

Rufino pede para que a decisão seja tomada agora, uma vez que o ponto de partida já foi dado por eles. “Sabemos que é uma área demarcada. Os agricultores pequenos e médios sabem que não voltam”, destacou.

O caso já ganhou repercussão nacional, com portais virtuais divulgando os ocorridos e emissoras do estado vieram até o município para gravar reportagens com os agricultores e os indígenas, além do site de notícias G1.

Situação

O cacique ressaltou que eles dão a vida pela terra, mas que são discriminados por alguns agricultores que não os aceitam na área. Sobre as ações de sábado, Rufino diz que a intenção não era agir com violência, porém houve um descontrole de ambos os lados.

“Não era para ter acontecido, mas a comunidade agiu da maneira que imaginou certa. A família nos chamaram de ladrões, 'sem-terra'. Mas como dizem que somos sem-terra se estamos na nossa terra?”, declarou o cacique.

Ele comentou que recebeu produtores para conversar e não teve problemas, tanto que estão abertos ao diálogo. “É isso que queremos, maus-tratos não aceitaremos. Eles têm de brigar pelos seus direitos como nós estamos fazendo”, enfatizou.

Segundo ele, a Fundação Nacional do Índio (Funai) está sendo pressionada por eles a resolver o impasse imediatamente. Já os agricultores, precisam recorrer ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o governo do Estado.

“Isto não está acontecendo da parte deles porque muitos trabalham individualmente, nós trabalhamos unidos. A comunidade não quer violência, mas se as pessoas querem ser violentas conosco, vamos nos defender, em qualquer situação”, finalizou.



Fonte: Jornal Correio

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