quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Dilma anuncia nova equipe econômica, mas tem dor de cabeça para montar ministério




PMDB cobrou seis pastas na montagem da nova equipe: duas para o Senado, duas para a Câmara e duas são cotas de Michel Temer
Marcela Mattos, de Brasília



Joaquim Levy, ex-secretário do Tesouro, escolhido para a pasta da Fazenda (Paulo Giandalia/Estadão Conteúdo)

O anúncio da nova equipe econômica nesta quinta-feira, às 15 horas, com Joaquim Levy na Fazenda e Nelson Barbosa no Planejamento, é o primeiro passo da montagem do quebra-cabeça ministerial da presidente Dilma Rousseff, cuja resolução está longe de ser alcançada. Nesta quarta, em meio à tensão para tentar aprovar seu projeto que rasga a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Dilma recebeu um recado direto de sua base no Congresso: com a demora na definição do loteamento do ministério com os partidos, deputados e senadores não registraram quórum suficiente e a votação teve de ser adiada.

O PMDB, principal aliado do Palácio do Planalto, já apresentou sua fatura: quer comandar seis ministérios a partir de 2015, um a mais do que a cota atual. Três candidatos do partido derrotados nas urnas pressionam por cargos: os senadores Eduardo Braga (AM) e Eunício Oliveira (CE) e o atual presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). Os três parlamentares são considerados homens-fortes do Planalto no Congresso Nacional: Eduardo Braga é líder do governo no Senado e o senador Eunício Oliveira ocupa o posto de líder do PMDB – ambos mantêm diálogo com a presidente sobre a votação de matérias prioritárias. Já Henrique Alves saiu das eleições magoado com o ex-presidente Lula, que apoiou seu adversário no segundo turno.

A primeira sinalização da presidente foi feita para a senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PMDB-TO), convidada para o Ministério da Agricultura. No entanto, filiada ao PMDB em outubro do ano passado – já transitou pelo PSD e pelo DEM – parte da cúpula peemedebista questiona se a parlamentar seria cota do partido ou pessoal de Dilma.

Caso seja contabilizada na cota do PMDB, Kátia Abreu complica a divisão desenhada pelo partido, que planejou repartir igualmente os seis ministérios entre os senadores, deputados e indicações do vice-presidente Michel Temer – duas pastas para cada. Na cota da Câmara dos Deputados, Henrique Alves pleiteia assumir o Ministério da Integração Nacional, um dos maiores orçamentos da Esplanada e com forte atuação no Nordeste brasileiro.

A estratégia para convencer o governo a ceder a Integração ao partido já está definida pelo PMDB: a cúpula vai tentar barganhar com o Ministério de Minas e Energia (MME), pasta atingida pelas denúncias do esquema de corrupção na Petrobras. Internamente, está definido que o ministro Edison Lobão vai deixar o cargo para reassumir a cadeira no Senado. “Para o partido, manter Minas e Energia é um certo desgaste. Mas, para sair do ministério, o PMDB espera ser contemplado com uma pasta que tenha um peso parecido em termos de importância”, disse um assessor palaciano.

Michel Temer espera a manutenção de Moreira Franco na Secretaria de Aviação Civil e a acomodação do deputado e ex-ministro Eliseu Padilha em alguma pasta. Em conversa na semana passada, após ser informada de que o partido quer mais espaço, Dilma evitou antecipar respostas e informou ao vice-presidente que a divisão ministerial entre os aliados somente será em dezembro.

Paralelamente, a presidente também negocia com o próprio PT. Para acalmar a fúria da sigla com a escolha de Kátia Abreu para a Agricultura, por exemplo, Dilma deverá escalar Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário, na Secretaria-Geral da Presidência. Homem de confiança da presidente, ele terá a tarefa de melhorar a interlocução com movimentos sociais.

Outro nome considerado certo na reforma é o do senador Armando Monteiro Neto, do PTB, para o Ministério do Desenvolvimento e Indústria. Monteiro é ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria.


veja.abril.com.br

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