AFP / EVARISTO SA |
Fonte: www.afp.com
Milhares de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro foram às ruas neste domingo, em várias cidades do país, para mostrar apoio ao ultradireitista, cujo início de mandato está sendo turbulento.
Os manifestantes se reuniram a pedido de movimentos ultraconservadores, que exigem que o Congresso - que acusam de encarnar a "velha política" - acelere a aplicação das reformas promovidas pelo governo Bolsonaro, que comanda o país desde janeiro.
As manifestações acontecem no momento em que o presidente enfrenta uma erosão rápida de sua popularidade e uma onda de contestação nas universidades.
A mobilização é considerada, ainda, uma resposta aos protestos contra cortes orçamentários na educação, que reuniram mais de 1,5 milhão de estudantes e professores no último dia 16, em mais de 200 cidades.
Na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, milhares de pessoas se concentraram debaixo de sol. Muitas agitavam bandeiras do Brasil ou vestiam a camisa da seleção de futebol.
Cerca de 3 mil pessoas se reuniram pela manhã em Brasília, e outras centenas de manifestantes saíram em passeata em outras cidades do país.
Em São Paulo, milhares de pessoas ocuparam pelo menos seis quarteirões da Avenida Paulista para reivindicar a aprovação da reforma da previdência, entre outras iniciativas do governo de Bolsonaro.
Em Brasilia, cerca de 3.000 manifestantes também responderam à convocatória que contou com um boneco inflável do ministro da Justiça Sérgio Moro vestido de Super-homem.
- 'Articulação satânica' -
Um avião sobrevoou o mar de Copacabana puxando uma faixa em que se lia "Mito Mito Mito", forma como os apoiadores mais fervorosos se referem ao presidente. Perto dali, um grupo na faixa dos 50 anos vestindo uniformes militares e boinas vermelhas fazia uma série de flexões, gritando em cada uma delas.
AFP / Carl DE SOUZA Apoiador de Bolsonaro participa do ato no Rio de Janeiro
Um destes manifestantes, o ex-paraquedista Geralmir dos Santos, compareceu ao ato "para apoiar os projetos do governo": "Faz cinco meses que o país não progride, é porque Maia (Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados), com sua articulação satânica, não deixa nada ser aprovado. Ele tem que entender que o Brasil não é deles", criticou.
Bolsonaro, que compareceu neste fim de semana ao casamento de um dos seus fillhos no Rio de Janeiro, anunciou esta semana que não participaria da manifestação em Copacabana, e aconselhou seus ministros a não participarem dos atos. No entanto, compartilhou fotos e vídeos dos mesmos.
"A grande maioria da população saiu às ruas com pautas legítimas e democráticas", tuitou o presidente no final da tarde.
- 'Ajudemos nosso presidente' -
Alguns assessores do presidente temiam que Bolsonaro fosse associado a lemas extremistas das manifestações, depois que grupos ultraconservadores pediram nas redes sociais o fechamento do Congresso e do Supremo.
Em Copacabana, um veículo exibia um cartaz em que se lia "Intervenção Militar Agora", exigindo um golpe de Estado como o de 1964, que deu início a duas décadas de ditadura. Outros cartazes exibiam mensagens mais moderadas, como "Ajudemos nosso presidente a reconstruir nosso Brasil".
AFP / Carl DE SOUZA Manifestantes defendem Bolsonaro na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro
"Estou aqui pela nova Previdência, que vai ser boa para o pobre. Aqueles que não querem essa reforma é porque estão roubando", acusou a funcionária pública Janelsa Salomão, 59. "Obrigada aos brasileiros por lutarem pelo meu futuro", dizia o cartaz exibido por sua neta, 5.
Os grupos que convocaram as manifestações são heterogêneos e incluem os seguidores de Olavo de Carvalho - "guru" de Bolsonaro, que vive nos Estados Unidos - pequenos grupos de extrema direita e sindicatos de caminhoneiros.
"A ideia dos manifestantes é defender o governo. Para eles, o sistema está podre", explica Sylvio Costa, fundador do site especializado Congresso em Foco.
Para André César, da consultoria Hold, a situação poderia se complicar, embora as manifestações sejam um sucesso: "Seria um êxito aparente. Não se pode governar no Brasil sem o Congresso."
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