segunda-feira, 13 de outubro de 2014

PF investiga falsas denúncias de compra de voto no interior do Paraná



10/10/2014 15h14 - Atualizado em 10/10/2014 15h18

Atual prefeito de Turvo contratou pessoas para mentirem à Justiça, diz PF.
Prefeito eleito em 2012 foi cassado pelo TRE-PR por compra de votos.

Do G1 PR com informações da RPC TV




A Polícia Federal (PF) investiga um esquema de farsa eleitoral em Turvo, na região central do Paraná. De acordo com a denúncia, o atual prefeito da cidade, Nacir Bruger (PSL), que assumiu o mandato este ano e que ficou em segundo lugar nas eleições de 2012, contratou pessoas para mentirem ao judiciário que tiveram o voto comprado pelo prefeito eleito Antônio Marcos Seguro (PSD). Seguro e o vice-prefeito Carlos Schneider (PSDB) tiveram os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral por compra de votos em novembro de 2013.

Segundo a polícia, o inquérito começou após a PF receber uma série de vídeos feitos com uma câmera escondida por Cleber Silva Reis, conhecido como Mato-Grosso. Ele diz que foi contrato por Nacir Bruger para montar a farsa. “O [prefeito] que foi cassado, simplesmente ele foi prejudicado. Foi inventada uma mentira. Mentira essa que foi aceita pelo judiciário. Não por culpa do judiciário, mas porque na época, as pessoas foram convincentes”, explica Mato-Grosso.

A farsa teria sido montada com base em falsos depoimentos de eleitores que deveriam dizer à Justiça Eleitoral que dias antes da eleição, o prefeito, que tentava se reeleger, teria comprado o voto deles em troca de cestas básicas.

Mato-Grosso disse que resolveu fazer a denúncia, pois Nacir Bruger (PSL) não cumpriu o combinado. “Um salário de cinco mil reais, cem mil reais para aquisição de uma casa e uma prestação de serviço ao município”, explica.

Imagens
Os depoimentos dos eleitores foram gravados pela Justiça Eleitoral dentro do Fórum de Guarapuava, também na região central. Em um deles, um eleitor de Turvo denuncia o prefeito recém-eleito. Ele diz que um funcionário da prefeitura ofereceu uma cesta básica para que ele mudasse o voto. “Eu falei que eu já tinha escolhido meu partido e meu partido é esse. Não vou trocar. Aí ele falou que infelizmente não poderia deixar a cesta básica”.
saiba mais

Justiça determina afastamento de prefeito e vice de Turvo, no Paraná
Com afastamento de prefeito, Bruger assume administração de Turvo

Já nas imagens feitas por Mato-Grosso, que estão no inquérito da PF, o mesmo eleitor aparece falando sobre a fraude. Na gravação, ele assume que mentiu. “Porque na verdade foi uma mentira, né?”, confessa. No mesmo vídeo, Mato-Grosso também explica para este eleitor o que ele vai ganhar se Nacir assumir o cargo. “Você está empregado e se vierem para cá, as casas do [programa] Minha Casa Minha Vida, uma das primeiras vai ser tua”, diz.

Prefeito nega
Nacir Bruger (PSL) não quis gravar entrevistas e mandou a chefe de gabinete da prefeitura, Doriane de Lara, para falar em nome dele. “O Mato-Grosso inventou uma farsa para tentar extorquir dinheiro do prefeito e quem tirou o ex-prefeito é a Justiça, não fomos nós”, justifica. Depois, por telefone, o prefeito Nacir Bruger negou qualquer participação no esquema de fraude eleitoral.

Já o ex-prefeito Antônio Marcos Seguro diz que foi uma vítima. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para voltar ao cargo. “Que a Justiça possa reconhecer que ela foi enganada e que possa nos devolver este mandato legítimo”, diz.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) o processo já está em Brasília, aguardando nova análise.

Ameaça
A equipe de reportagem da RPCTV foi ameaçada enquanto fazia entrevistas sobre a fraude eleitoral em Turvo. O carro da TV foi abordado por uma caminhonete em uma estrada. “Se surgir qualquer coisa dessa gravação, vamos atrás de vocês”, diz um dos homens à equipe.

Outro homem pega o celular da mão da repórter e tenta apagar o vídeo da abordagem feito no celular. “Se ela não apagar, eles não saem daqui”, diz. No grupo estava Valdecir Bruger, irmão do prefeito e mais quatro homens. “Eu não tenho nada a perder”, diz Valdecir.

As ameaças só pararam quando um policial militar chegou e levou todos para o Batalhão da Polícia Militar (PM). No batalhão, o grupo do irmão do prefeito registrou um boletim de ocorrência (B.O) por difamação. A equipe de reportagem fez um boletim por ameaça e só pode seguir viagem escoltada pela PM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua participação, seu comentário será publicado após análise do conteúdo que o mesmo contém