Câmara dos Deputados, Brasília (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
A Câmara dos Deputados decide nesta quarta-feira a sucessão do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no comando da Casa. Mais poderoso presidente da Câmara nas últimas décadas, Cunha estava afastado do cargo e do mandato desde maio pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e renunciou ao comando da Casa na semana passada. Há 14 candidatos no páreo, incluindo os favoritos Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), os peemedebistas Marcelo Castro (PI), escolhido pela bancada do partido, e Fábio Ramalho (MG), que mantém candidatura avulsa, além de sete deputados do chamado centrão e candidatos de PSB, PV e PSOL. Dada a quantidade de aspirantes à cadeira, o segundo turno é uma possibilidade forte. O vencedor da eleição exercerá um mandato-tampão até janeiro de 2017. A votação tem início previsto para as 16 horas.
Sem declarar apoio a nenhum candidato para não melindrar aliados, o Palácio do Planalto trabalhava por um nome de consenso entre os partidos da base do governo do presidente interino Michel Temer, mas não conseguiu conter as candidaturas do centrão, bloco que reúne 13 partidos. Com o racha entre estas legendas e o PMDB, o partido de Temer acabou definindo Castro, ex-ministro da Saúde da presidente afastada Dilma Rousseff, como postulante ao cargo. Apoiado por partidos da oposição ao governo Temer, entre os quais o PT, Marcelo Castro se credencia entre os candidatos mais competitivos.
Membro do centrão e ligado a Cunha, proximidade que obviamente nega, Rogério Rosso é líder do PSD na Câmara, presidiu a Comissão Especial do Impeachment na Casa e já tem experiência em mandatos-tampões. Rosso foi eleito indiretamente para governar o Distrito Federal em 2010, após a cassação do mandato do ex-governador José Roberto Arruda por infidelidade partidária. Ele ficou no Palácio do Buriti até o final daquele ano, período em que chegou a ser indiciado por corrupção e investigado por peculato no esquema que levou Arruda à prisão.
Filho do ex-governador do Rio de Janeiro César Maia, o democrata Rodrigo Maia conta com o apoio do PSDB na eleição de hoje. Ele tentou – e quase conseguiu – uma improvável adesão do PT à sua candidatura. Embora inclinados a apoiar o candidato com mais condições de derrotar o “nome de Cunha”, os petistas refutaram a aliança com o argumento de que não podem apoiar um “golpista”. O democrata trabalhou arduamente pelo afastamento de Dilma Rousseff, ao contrário de Marcelo Castro, que votou contra o impeachment da petista.
Maia não responde a processos no STF, mas teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato após aparecer em troca de mensagem de Léo Pinheiro, da OAS, pedindo doações. O deputado é alvo de um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além de Rosso, os oito deputados do centrão que disputam a sucessão de Eduardo Cunha são o primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), o segundo-vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo (PR-PR), a filha do ex-deputado Roberto Jefferson, Cristiane Brasil (PTB-RJ), Carlos Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES), Esperidião Amin (PP-SC) e Fausto Pinato (PP-SP).
Miro Teixeira (Rede-RJ), a ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSOL-SP) e Evair Melo (PV-ES) completam a lista.
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